Quando se inicia no mundo das trades, somos bombardeados de informações e conceitos bem estabelecidos e de conhecimento geral. Somos induzidos a acreditar em certos padrões/indicadores que parecem de alguma forma realmente prever as próximas movimentações do mercado. Um destes padrões e com toda certeza um dos mais populares; É o ombro, cabeça e ombro! Um padrão que aponta reversão da atual tendência. Mas, por quê? Qual é a lógica por trás da formação deste padrão? E por que ele indica uma possível reversão de tendência?
Tendências:
Para começarmos a entender o OCO, é necessário entender como uma tendência saudável se estrutura. Uma tendência bem consolidada é claramente observável pela formação de novos topos e fundos. Topos e fundos ascendentes em caso de uma tendência de alta e topos e fundos descendentes em caso de uma tendência de baixa. Em termos de oferta e demanda, as correções durante uma tendência altista por exemplo, podem ser interpretadas como preços onde haja uma clara oferta após o mercado saturar de operações de compra. Os compradores, realizam lucros nesta faixa de preço, liquidando quem abriu operações nestes topos, gerando assim pressão vendedora e uma correção para baixo, porém, a realização de lucros serve unicamente como um "respiro" para que os compradores possam recomprar o ativo a um preço um pouco abaixo e que possam retomar para a continuidade da tendência. Devido a isso, estas regiões onde há uma grande demanda para a recompra do ativo, gera um novo fundo acima do fundo anterior.
Ombro, cabeça e ombro:
Tendo a lógica de uma tendência saudável em mente, o conjunto do primeiro ombro + cabeça pode sim ser visto em primeira mão como uma continuidade da tendência. Afinal, na formação do primeiro ombro, temos um novo topo e fundo antes do ultimo pump que leva até o topo da cabeça. Porém, é justamente aqui que a logica do padrão se difere de uma tendência saudável.
Na realização de lucros do topo da cabeça, há uma falha na criação de um fundo ascendente, o preço do ativo retorna ao fundo anterior, aproximadamente o fundo do primeiro ombro. Tal movimento demonstra um grande enfraquecimento da tendência, afinal, os vendedores foram capazes de romper um futuro novo fundo, forçando o preço a re-testar este valor como suporte . A partir deste ponto, há uma quebra do padrão recorrente e natural da tendência.
Em termos de oferta e demanda, há uma saturação de ordens de compra nesta ultima pernada de alta. Esta saturação do mercado é traduzida como um grande movimento, geralmente parabólico em direção ao topo da cabeça, porém, tal demanda é logo respondida por uma avassaladora oferta, equalizando as forças e devolvendo o preço ao nível anterior de onde surgiu esta demanda. No ponto que o preço retorna para o fundo, há uma equalização de ambos os lados do mercado, porém, como a tendência anterior já havia sido consolidada, com um grande movimento parabólico para a cabeça, os compradores se encontram sem recursos necessários para manter a alta dos preços, indicando assim a aproximação de uma possível reversão.
A formação do segundo ombro é então, a confirmação da perda de força total da tendência anterior. Ao que se retornar ao anterior fundo, os compradores tentam então retomar a alta, realizando um novo topo e fundo, porém, o topo do primeiro ombro, serve agora como uma resistência ao preço, uma zona com alta oferta e pressão vendedora e serve como um novo topo descendente em relação a cabeça. Temos assim, a quebra do padrão de alta e criação de um novo padrão, desta vez, de baixa. Com topos e fundos descendentes. A confirmação da reversão se da, pelo rompimento do anterior fundo do primeiro ombro, que já fora testado como suporte duas vezes pelo padrão, a quebra de tal suporte com volume significativo, é um excelente sinal de que a reversão foi confirmada.
A mesma lógica se atrela ao ombro, cabeça e ombro invertido, apenas tendo o primeiro movimento como uma tendência de baixa e o segundo como uma versão altista.
Cuidados a se tomar com o OCO:
Assim como qualquer indicador e padrão, o OCO não é garantido de sempre ser confirmado e apontar uma reversão da tendência. A presença e volume no rompimento do suporte dos ombros e re-teste como resistência devem sim ser levados em consideração antes de se realizar uma entrada.
O padrão nem sempre será fácil de se localizar. Distorções e mudanças em seu formato são bem comuns. Como por exemplo, períodos de lateralização no topo da cabeça, distribuições e acumulações de wyckoff nos topos e fundos. Portanto não busque pelo formato e sim pela estrutura geral. Um topo único e máximo da continuidade da tendência, uma forte rejeição retornando para regiões próximas do fundo anterior, nova tentativa de romper o primeiro topo e por fim, rompimento do suporte formado por este fundo. Quanto mais parabólica for o movimento em direção a cabeça, mais garantido a confirmação deste movimento.
Operações baseadas em OCO também conferem boas relações de risco retorno, com uma entrada no rompimento do suporte dos ombros, com um stop-loss no topo dos ombros e stop-gain de comprimento aproximado ao da altura da cabeça próximo a regiões de suporte conhecidas, é geralmente uma operação clássica porém eficiente.
Nunca opere OCO cegamente, sempre atrele indicadores que confirmem principalmente o rompimento do suporte dos ombros. Como sobre compra no RSI, baixa volatilidade e volume decrescente, seguido de volume considerável no rompimento e principalmente, confluência com os tempos maiores. De nada muito adianta a formação de um OCO nos 5 minutos, se temos uma clara tendência de alta no 1 hora por exemplo.
Como destacado em azul no gráfico, períodos de 'lateralização' e consolidação são comuns na formação dos ombros e principalmente, antecedendo grandes movimentos. Principalmente o rompimento do suporte dos ombros. Novamente, não se apegue muito ao formato, mas sim a sua estrutura. Porém, quanto mais "perfeito" for o OCO, principalmente com um movimento parabólico bem extenso e verticalizado rumo à cabeça, aumentam muito as chances deste OCO ser confirmado.
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